“As Polacas”: o drama do tráfico de mulheres
Crítica do longa-metragem “As Polacas” (2024)
- Categoria: Análises e Críticas
- Publicação: 04/12/2024 14:12
- Autor: Bia Malamud

Nesta nova safra do cinema brasileiro em que o destaque fica por conta do filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, temos que festejar também a chegada de “As Polacas”. Os dois filmes desenterram aspectos e fatos da história brasileira que costumam ser, usualmente, esquecidos. O cinema como um verdadeiro trabalho de arqueologia é fundamental para o registro do passado e, assim, firmar uma identidade verdadeiramente brasileira.
A história linear é bem contada e traz grandes atuações de Caco Ciocler, no papel do cafetão Tzvi, e de Valentina Herszage como Rebeca, uma jovem mãe judia. Vale lembrar que Valentina também brilha na telona em “Ainda Estou Aqui” como Vera, a filha adolescente politizada de Rubens e Eunice Paiva.
O conluio entre o gigolô e a polícia é explícito. E a luta de Rebeca por seu filho Joseph, e por sua libertação do bordel, emblemática. Aliás, Valentina Herszage dá um show de interpretação com uma atuação em que se mostra ora destemida, ora destruída pela violência, mas sempre inconformada.
E pode-se afirmar que Caco Ciocler tem no impiedoso traficante de mulheres Tzvi o papel de sua vida. Ciocler abandona aqui sua aura de jovem galã para compor um personagem melífluo, sedutor e atroz. Sem concessões.
O sempre impecável Otávio Muller está ótimo como o agente da polícia e imigração, assim como Amaurih Oliveira no papel de Isaac, e Dora Freind como Débora.
A produção é da carioca Iafa Britz. No comando da produtora Migdal, ela já trouxe para as telas “Minha Mãe É uma Peça – O Filme”, entre outros. Vale ressaltar aqui o capricho na produção com imagem e som de excelência que ultrapassam em qualidade o que comumente se vê no cinema brasileiro. Locações bem escolhidas, cenários e figurinos primorosos compõem esse quadro.
As filmagens em preto e branco do Rio de Janeiro do início do século passado em meio à narrativa é um recurso interessante por oferecer um panorama da cidade, mas principalmente por trazer um certo alívio em meio ao terrível drama que se desenrola na tela.
Também chama a atenção o uso excessivo de close-ups, indicando uma produção mais voltada para a TV ou para o streaming, pois este recurso é amplamente utilizado nas novelas televisivas.
E para quem assistiu o musical “Um Violinista no Telhado” (1971), com o excepcional Chaim Topol como o leiteiro Tevye, pode-se enxergar algumas semelhanças quando os personagens partem em busca de alguma redenção. Um tema atual num mundo globalizado pois trata, em ambos os filmes, das sagas de imigrantes, sofridos e deslocados, pelos mais diversos motivos.
Bia Malamud
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