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Análise do Filme Assalto ao Trem Pagador

Clássico de 1962 de Roberto Farias

Categoria: Critica de Filmes
Publicação: 05/12/2024 19:45
Autor: Ricardo Corsetti

"A verdade, Tião, é que você tem inveja de mim, porque eu tenho cara de ter carro, eu tenho olho azul". Assim falou o personagem vivido por Reginaldo Faria no ultra-clássico "O Assalto Ao Trem Pagador" (1962). Obs: qualquer semelhança, aliás, com a visão de mundo de um paulista ou catarinense médio, não é mera coincidência... Obs 2: não estou generalizando no comentário (inclusive, sou paulista), mas é bom deixar isso claro, pois sabe como é, tem muito bozolóide lobotomizado por aí, então é preciso "desenhar" as coisas, pra não gerar mal-entendidos, talkey? Bem, quanto ao filme propriamente dito, é provavelmente, o melhor trabalho de Roberto Farias, diretor dotado de uma capacidade quase inacreditável no sentido de combinar viabilidade comercial, com conteúdo temático e, por vezes, até experimentalismo. Neste filme em particular, há uma junção perfeita de elementos (referências) que vão desde a crueza semi-documental do neo-realismo italiano, até a elegância e ritmo ágil do Noir norte-americano. Destaque para o ótimo elenco: Eliezer Gomes (Tião Medonho), Reginaldo Faria, Átila Iório, Jorge Dória, Grande Otelo (Cachaça) e destaque especial para as pequenas, mas ultra-marcantes participações das então ainda bem jovens, Ruth de Souza e Helena Ignês. Grande Roberto Farias, o mais "comercial" entre os diretores egressos do Cinema Novo brasileiro, mas sempre esbanjando talento.