FLIMA celebra Milton Hatoum e aposta em diversidade de vozes com Jamil Chade, Tati Bernardi, Kaká Werá e Luciany Aparecida
Evento ocorre entre os dias 15 e 18 de maio em Santo Antônio do Pinhal (SP), com mais de 60 atividades literárias e artísticas gratuitas para todas as idades; shows musicais ao ar livre e Feira de Livros com extensa programação paralela estão entre as novidades desta edição
- Categoria: Eventos Culturais
- Publicação: 16/04/2025 01:47
- Autor: Jessica Balbino

Com o tema “Deslocamentos e Pertencimentos” e homenagem a Milton Hatoum, a Festa Literária da Mantiqueira (FLIMA) chega a sua 7ª edição com uma curadoria que preza pela diversidade de vozes e aposta em nomes como Jamil Chade, Tati Bernardi, Kaká Werá e Luciany Aparecida.
Nesta terça-feira (15), a um mês da abertura do evento, o trio curatorial composto por Cristiane Tavares, Maria Carolina Casati e Roberto Guimarães se reuniu com a imprensa para anunciar a programação completa do festival.
O destaque são as 11 mesas literárias no Auditório – que tratam de assuntos como migração, emergência climática, feminismo, religiosidade e identidade – e as atrações musicais, que incluem o alaudista sírio refugiado no Brasil Rajana Olba e a cantora e compositora potiguar Juliana Linhares, com seu show Nordeste Ficção.
Com uma curadoria comprometida com a pluralidade de vozes e a transversalidade dos temas, o festival aposta em encontros potentes entre literatura, realidade e sensibilidade, promovendo diálogos necessários sobre o mundo contemporâneo e suas encruzilhadas.
“Vivemos um momento histórico complexo e delicado, em que o outro muitas vezes é percebido não como diferente, mas como inimigo. Acreditamos que a literatura pode contribuir para aproximar as pessoas, ampliando as possibilidades de diálogo", afirma Roberto Guimarães, um dos curadores e diretor do festival.
“Escolhemos este tema porque ele nos é muito caro. Falar sobre deslocamento é falar da existência da humanidade, que por várias razões está o tempo todo se deslocando fisicamente e metaforicamente, pensando em outras formas de existir para além do que se espera e para além do que é possível dentro das circunstâncias que temos ao nosso dispor. E pensar em pertencimento é pensar em como podemos sobreviver. Pertencer a quê? A quem? A que lugar? A que grupo? A que família? A que possibilidade? Mais uma vez também a despeito do que nos é ofertado e no que se espera demais. Estamos pensando nisso de uma forma literária: a partir da palavra e dos corpos: como podemos existir?”, reflete Maria Carolina Casati, uma das curadoras.
Mesas literárias
A abertura oficial ocorre no dia 15 de maio, às 19h, com o recital “Retrato sonoro de um certo Oriente”, do alaudista sírio Rajana Olba, seguido da mesa “Distopia americana: Trump e a nova (des)ordem mundial”, com o jornalista internacional Jamil Chade, um dos destaques da programação.
Na sexta-feira (16 de maio), os debates começam com a mesa “Ciência encantada: nos caminhos de Jurema”, reunindo o jornalista e escritor Marcelo Leite, que lança, em primeira mão, o livro “A ciência encantada de Jurema” (editora Fósforo). A mesa é acompanhada também da liderança indígena Chirley Pankará e mediada pela pesquisadora Carolina Rocha. A seguir, nomes como Edimilson de Almeida Pereira, Kaka Werá, Ana Rüsche e Prisca Agustoni conduzem reflexões sobre território, poética e os limites da palavra diante da crise climática.
O sábado (17 de maio) é marcado por conversas sobre espiritualidade, deslocamentos forçados e fronteiras literárias. Além da aguardada mesa “Manaus é um mundo”, que homenageia o escritor Milton Hatoum, o público poderá acompanhar diálogos com nomes como Marie Ange Bordas, Edyr Augusto e Morgana Kretzmann
Encerrando a programação no domingo, o destaque vai para as mesas “A culpa é do feminismo?”, com Milly Lacombe e Bianca Santana, e “De boba ela não tem nada”, com a escritora e roteirista Tati Bernardi, que lança o livro A boba da corte (editora Fósforo).
Shows
Novidade da edição deste ano, as atrações musicais também refletem a pluralidade de vozes proposta pela curadoria. Do alaudista sírio Rajana Olba à lenda do forró, Zé Pitoco, passando pela cantora e compositora potiguar Juliana Linhares e pela banda Quimbará, formada por filhos de cubanos radicados no Brasil, os shows gratuitos prometem colocar os visitantes para dançar e se divertir nas agradáveis noites de Outono na serra.
Feira de Livros
Com o objetivo de fomentar a bibliodiversidade e a cadeia produtiva do livro, a FLIMA 2025 terá uma Feira de Livros com cerca de 30 stands e extensa programação paralela, com lançamentos de livros, sessões de autógrafo, rodas de conversa e oficinas. A lista de editoras e livrarias participantes e a programação de atividades serão divulgadas na primeira semana de maio. A livraria oficial do festival é a Livraria Mantiqueira, que surgiu a partir da FLIMA e tem sede em Santo Antônio do Pinhal. Além de livros dos autores da programação Auditório, a livraria oficial vai oferecer uma seleção de títulos que dialogam com o tema da FLIMA 2025 e o autor homenageado.
Milton Hatoum é autor homenageado
A escolha de Milton Hatoum como autor homenageado reforça essa proposta. Seus romances, como "Dois Irmãos" e "Cinzas do Norte", exploram as múltiplas camadas da identidade brasileira e os efeitos das migrações internas e externas. Durante o evento, sua trajetória e obra serão debatidas em diferentes mesas e atividades.
“A FLIMA é um evento literário importante e já consolidado. Penso que o tema (Deslocamentos, Pertencimentos) tem tudo a ver com uma certa tradição romanesca e com questões essenciais do nosso tempo", afirma Milton Hatoum. “É uma honra ser homenageado pelo festival”, acrescenta.
Milton Hatoum é escritor, tradutor e um dos mais premiados autores da literatura brasileira contemporânea. Nascido em Manaus, publicou romances como Relato de um certo Oriente, Dois Irmãos, Cinzas do Norte, Órfãos do Eldorado, A Noite da Espera e Pontos de Fuga. Sua obra, marcada por temas como memória, identidade e deslocamento, foi traduzida para 12 idiomas e publicada em 14 países.
Alguns de seus romances e contos foram adaptados para cinema, televisão e quadrinhos, com destaque para a série Dois Irmãos (TV Globo, 2017) e o longa-metragem Retrato de um certo Oriente, dirigido por Marcelo Gomes e lançado no ano passado, que conquistou prêmios como o de melhor filme no Festival de Huelva, na Espanha.
Esquenta FLIMA
As atividades da FLIMA 2025 começam na próxima sexta-feira, 19 de abril, feriado de Páscoa, primeiro ato de uma itinerância literária e artística que passará por quatro cidades da Mantiqueira (São Francisco Xavier, São Bento do Sapucaí, Monteiro Lobato e Santo Antônio do Pinhal) nos finais de semana que antecedem a grande festa que acontece de 15 a 18 de maio, em Santo Antônio do Pinhal.
Sobre a FLIMA
Com sede em Santo Antônio do Pinhal (SP), coração da APA (Área de Proteção Ambiental) da Serra da Mantiqueira, a FLIMA – Festa Literária da Mantiqueira celebra a literatura viva e promove encontros para refletir sobre as questões contemporâneas por meio da literatura, da arte e da educação, contemplando múltiplas vozes e sempre homenageando um autor brasileiro – e vivo.
Desde a primeira edição, em 2018, a curadoria privilegia uma programação democrática, diversa e inclusiva, sem abrir mão da relevância artística. Para ampliar as possibilidades de participação, como acontece desde 2022, parte das atividades da FLIMA 2025 foi definida a partir de dois editais, selecionando propostas de atividades literárias e/ou artísticas para o público adulto e infantojuvenil.
Nas seis primeiras edições do festival, quatro presenciais e duas online, foram realizadas mais de 400 atividades para crianças, jovens e adultos, com cerca de 60 mil participantes e convidados como Ana Maria Machado, Ana Maria Gonçalves, Conceição Evaristo, Daniel Munduruku, Eliane Brum, José Eduardo Agualusa, Itamar Vieira Junior, Lilia Schwarcz, Luiz Ruffato, Maria Valéria Rezende, Marina Colasanti e Sidarta Ribeiro.
FLIMA 2025 – MESAS LITERÁRIAS E SHOWS
15 DE MAIO (QUINTA-FEIRA)
19h - ABERTURA
Retrato sonoro de um certo Oriente
Recital de alaúde com Rajana Olba (Síria)
MESA 1: DISTOPIA AMERICANA: TRUMP E A NOVA (DES)ORDEM MUNDIAL
Com Jamil Chade
Mediação: Roberto Guimarães
16 DE MAIO (SEXTA-FEIRA)
15h - MESA 2: CIÊNCIA ENCANTADA: NOS CAMINHOS DE JUREMA
Com Marcelo Leite e Chirley Pankará
Mediação: Carolina Rocha
Lançamento de “A ciência encantada de Jurema” (Marcelo Leite, editora Fósforo)
17h - MESA 3: POÉTICAS DE DESLOCAMENTO: LITERATURA E TERRITÓRIO
Com Edimilson de Almeida Pereira e Kaká Werá
Mediação: Cristiane Tavares
19h - MESA 4: EMERGÊNCIA CLIMÁTICA: OS LIMITES DA PALAVRA
Com Ana Rüsche e Prisca Agustoni
Mediação: Paula Carvalho
Lançamento de “Carga viva” (Ana Rüsche, editora Rocco)
21h - SHOW – JULIANA LINHARES (NORDESTE FICÇÃO)
17 DE MAIO (SÁBADO)
11h30 - MESA 5: A RELIGIÃO E O FEMININO: IDENTIDADE, CORPO E PODER
Com Carolina Rocha (Dandara Suburbana), Anna Virginia Balloussier e Dia Bárbara Nobre
Mediação: Maria Carolina Casati
14h30 - MESA 6: DESLOCAMENTOS FORÇADOS: MIGRAÇÃO E REFUGIADOS
Com Jamil Chade e Marie-Ange Bordas
Mediação: Paula Carvalho
16h30 - MESA 7: BRASIL DESLOCADO: LITERATURA E FRONTEIRA
Com Edyr Augusto e Morgana Kretzman
Mediação: Jéssica Balbino
18h30 - HOMENAGEM A MILTON HATOUM
MESA 8: MANAUS É UM MUNDO: A POÉTICA DE MILTON HATOUM
Com Milton Hatoum
Mediação: Roberto Guimarães
21h - SHOW – QUIMBARÁ TOCA BUENA VISTA SOCIAL CLUB
18 DE MAIO (DOMINGO)
11h - SHOW INFANTIL: Siricutico: Aventuras da menina Flor e a boneca Açucena, por Paulo Tatit e Filipe Edmo
12h - MESA 9: A CULPA É DO FEMINISMO?
Com Milly Lacombe e Bianca Santana
Mediação: Jéssica Balbino
14h - MESA 10: MEMÓRIA E (RE)INVENÇÃO: EXISTIR PELA PALAVRA
Com Luciany Aparecida e José Henrique Bortoluci
Mediação: Maria Carolina Casati
16h - MESA 11: DE BOBA ELA NÃO TEM NADA
Com Tati Bernardi
Mediação: Maria Carolina Casati
Lançamento de “A boba da corte” (Tati Bernardi, Fósforo)
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