Reddy Allor une forças com Roberta Miranda e fala sobre ser LGBTQIAP+ no sertanejo
- Categoria: Música
- Publicação: 07/06/2025 15:12
- Autor: Amanda Junqueira

Pode ser que você ainda não conheça o nome de @reddyallor, mas deveria, já que não é
todo dia que se encontra uma drag queen no sertanejo. Na última sexta-feira, Reddy Allor
lançou sua nova música de trabalho, “Coração Tem Lei”, com participação da @robertamiranda. A canção carrega uma traz uma cadência típica da sofrência em um refrão chiclete, com metáforas características do gênero.
A música começou a ser divulgada há uma semana, mas carrega uma trajetória de dois
anos. Em abril de 2023, Roberta Miranda declarou o desejo de ver essa inclusão no
sertanejo com artistas LGBTQIA+, e não ficou no desejo, ainda em abril, Roberta, colocou a
mão na massa e convidou a drag para uma parceria, dizendo que queria algo comercial,
que fosse mais puxado para o lado da Reddy do que para o dela.
Nesse momento, Reddy já estava com a “Coração Tem Lei” pronta para ser lançada, até
chegou até a apresentá-la ao público durante um show, mas acreditou que aquela seria a
canção perfeita para gravar com Roberta Miranda, e Roberta concordou imediatamente
A canção, não coincidentemente, chega durante a celebração do Mês do Orgulho e, ainda mais especial, logo após Miranda lançar sua biografia “Um Lugar Todinho Meu” e voltar a falar abertamente sobre sua sexualidade em entrevistas.
Se existisse uma parede com os maiores nomes da música sertaneja, o retrato de Roberta
Miranda com certeza estaria em evidência, e ter uma estrela tão grande iluminando novos públicos é essencial.
ERA SERTANEJA
Reddy disse que este lançamento inaugura um momento mais sertanejo em sua carreira,
após “Laço”, um pop com participação da também drag queen Diego Martins, e um álbum
collab com Gabeu, que explorou diversas sonoridades. A ideia da nova era é “desmontar”
um pouco a imagem de “boneca” associada à identidade de uma drag queen, descer do
salto (figurativamente, claro). Reddy pretende mostrar um lado mais humano e pessoal.
Nesse sentido, também em abril, Reddy Allor esteve junto com seu irmão, também cantor
sertanejo, Gah Bernardes, na capital goiana e do sertanejo, para um camping de
composições, de onde surgiram canções que refletem esse novo momento. Será que já
podemos esperar um álbum como “Buteco da Reddy Allor”, “Acústico” ou algo nesse estilo?
MOMENTO COUNTRY
O sertanejo tem se tornado pop há alguns anos para cá, mas o pop também anda um pouco
sertanejo — aliás, country. Nesta semana, Beyoncé se apresenta em quatro datas em
Londres com a turnê “Cowboy Carter” e a cantora Lana Del Rey declarou já ter músicas
prontas para um álbum country. Em terras brasileiras, Ana Castela acaba de lançar um
álbum com pegada country, no qual Reddy Allor revelou estar viciada. Falando em Ana Castela, Reddy deixou escapar, em um print, que a conta da boiadeira aparecia em suas
conversas recentes, questionei se havia a possibilidade de uma colaboração mais à frente.
Reddy não quis dar certeza, mas disse que existe esse desejo e já rolaram conversas sobre
isso.
DRAG + SERTANEJO
É comum ouvir histórias de drag queens, como a Gloria Groove, que se referem ao alter
ego na terceira pessoa quando estão desmontadas em terceira pessoa, que ser drag é assumir uma personagem que possibilitou desbravar um lado de confiança e autoestima
que ainda não conheciam. Questionada sobre como foi juntar o universo sertanejo à sua
personalidade drag, Allor diz que não foi uma construção do dia para a noite - já que ela não
se divide entre Guilherme Bernardes e Reddy Allor: são visuais diferentes, mas com a
mesma personalidade. Não houve um momento em que ela decidiu quem seria Reddy Allor, ela apenas deu um novo rosto à sua personalidade. Devemos relembrar que o primeiro lançamento de Reddy Allor aconteceu em fevereiro de 2019, mas está longe de ser o
primeiro da sua vida. Durante a infância e adolescência, ela formava a dupla “Guilherme e
Gabriel” e realizava shows na região do norte paulista. A dupla foi reflexo do talento natural,
percebido desde criança. Ela conta que a parte artesanal sempre esteve presente em sua
vida — a felicidade em enfeitar a casa para a festa junina é a mesma para cantar nela.
Hoje, esse comportamento se transformou em horas na frente do espelho se maquiando e
colando lace.
REDES SOCIAIS
As redes sociais são cada vez mais relevantes na promoção de um artista, e com Reddy
não é diferente, é por meio de vídeos em que aparece se montando e participando de
desafios musicais, Reddy já acumula mais de 140 mil seguidores no Instagram e 230 mil no
Tiktok. Em julho do ano passado, um vídeo cantando “Telefone Mudo” com a legenda
“Quando você é LGBTQIAP+ e nasceu no interior” ao lado de Gabeu, que bateu os 2
milhões de visualizações na app do meta e republicado por diversas páginas do meio
sertanejo e alvo de comentários maldosos.
Perguntei a Reddy se ela sente que a resistência do meio sertanejo contra LGBTQIAP+ diminuiu desde que começou ou piorou, devido à onda de conservadorismo e sua resposta foi sucinta: “Não tem como dar passo para trás”. Ela ressalta que o que já está conquistado
e construído até aqui não tem como retroceder e não tem como voltar atrás. Apesar do “hate”, ela ressalta a importância desses vídeos viralizarem e estourarem a bolha para que
sejam mais vistos e mais repercutidos e não ficarem restritos aos mesmos grupos de sempre.
“Coração Tem Lei” marca um novo momento para Reddy Allor, e além disso, traz um grande
simbolismo para o público LGBTQIAP+ no sertanejo. Mesmo que considerados opostos ao
longo desses anos, sempre existiram LGBTQIAP+ consumidores e amantes de sertanejo, e como qualquer lugar com seres humanos, também sempre existiram artistas LGBTQIAP+ dentro do sertanejo, mesmo que não soubéssemos.
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