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Vivendo entre muros: a comunidade mais populosa do século 20

Complexo residencial em Hong Kong chegou a abrigar 50 mil pessoas
  • Categoria: Cidades
  • Publicação: 13/06/2025 16:57
  • Autor: Amauri Gomes

Existiu até o final do século 20, um local na Ásia cujo as pessoas praticamente se amontoavam para sobreviver, em uma espécie de favela vertical. Kowloon, era conhecida como a “cidade murada”.


Localizada em Hong Kong, em uma área controlada pelos britânicos devido à exigência de um antigo tratado colonial, o gigante complexo residencial se tornou um dos lugares mais densos do globo, equivalendo a 27 mil metros quadrados.



O nascimento


Sua origem é do tempo de uma das dinastias chinesas: neste caso, a de nome Song que vigorou entre o ano 960 até 1279, quando foi criado um posto militar para gestão do comércio de sal. Séculos depois o controle passou a ser da Dinastia Qing, a partir do ano de 1644 ao 1912, posto pelo Tratado de Nankin, com supervisão da Grã-Bretanha, onde em seu início abrigava em torno de 700 ocupantes.




Na época, a China tentou obter um maior controle sob o local e cogitou utilizar a região como uma espécie de ponto de controle porém, desistindo em seguida e deixando a região praticamente abandonada, devido a política dos colonos de não intervenção.



Refúgio dos imigrantes


Logo após o início do século 20 e junto a Segunda Guerra Mundial, Kowloon se tornou residência de imigrantes e também de grupos ilegais que buscavam refúgio em meio a ocupação japonesa de Hong Kong, tendo início em 25 de dezembro de 1941. Depois da rendição do Japão o crescimento da cidade continuou e já sem muralhas, mas de forma vertical.


Durante o período de guerra contabilizava-se um número de 17 mil habitantes chegando ao seu ápice de 50 mil no final dos anos 80, ostentando o “título” de lugar com a maior densidade do mundo, contendo edifícios que chegavam a ter 14 andares distribuídos em cerca de incríveis 300 empreendimentos, quase que empilhados sob os outros. Era comum a presença de cassinos e prostíbulos controlados por diferentes gangues que tinham domínio do local.




Inspetores de saúde, cobradores de impostos e até mesmo forças de segurança não adentravam no complexo, por conta da forte resistência e domínio de mafiosos que pertenciam a diversos clãs.



Cidade das trevas


Como esperado, a estrutura era precária, incluindo a falta de saneamento básico e fornecimento de energia elétrica. Mesmo assim, os moradores eram muito próximos um dos outros, e criaram grande repúdio aos europeus colonizadores, inclusive ao governo central de Hong Kong onde na verdade este era submetido aos ingleses.


Por causa das condições precárias onde o amontoado de pessoas também agravava as condições de vida, um segundo nome era dado ao complexo: “Cidade das Trevas”.





A derrubada


O “fim” como ficou conhecido a favela vertical ocorreu no ano de 1987 e de forma antecipada, já que antes o acordo de gestão valeria até 1997 para a devolução de Hong Kong pelos britânicos a China, e assim foi decidido a demolição da famosa cidade murada.


Com o início da implosão ocorrido em 1993, atualmente a área é um parque público com memorial mas mantendo uma parte original preservada, no intuito de guardar a memória histórica do que foi um dia o lugar mais denso do planeta.



Mais detalhes


O canal Baka Gaijin no Youtube fez uma visita recente ao local. Você pode acompanhar as imagens no vídeo intitulado como “Por dentro da favela vertical de Hong Kong na China”.


Link: POR DENTRO DA "FAVELA VERTICAL" DE HONG KONG NA CHINA - YouTube