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Análise do filme A Garota da Fábrica de Fósforos (1990)

  • Categoria: Critica de Filmes
  • Publicação: 15/06/2025 16:57
  • Autor: Rauny Moreira
 Barulho, rotatividade e uma sequência de quase cinco minutos de apenas máquinas trabalhando, girando o ciclo de produção de uma pequena fábrica possivelmente em algum lugar da Finlândia. Logo, a mão humana por trás da supervisão delas aparece, uma pessoa, Iris (Kati Outinen) assim como tantas outras Iris, Marias no Brasil e assim por diante, oprimida e invisível aos olhos do capitalismo, escondida atrás de números e de uma desenfreada rotina que rouba seus dias, seu ânimo e seu tempo. 
   Em sua vida familiar, mãe e padrasto abusam física e psicologicamente da moça que, em algumas saídas para se "divertir" conhece um "cara legal" que talvez amenize o vazio de sua vida que em muito se assemelha ao das caixas de fósforos. Esse filme encerra a trilogia do proletariado do diretor Aki Kaurismäki, com características que integram o que é realmente a vida da classe trabalhadora, independente do país onde se vive. 
   O longa mais enxuto, com pouco mais de uma hora e com quase inexistência de diálogo, nos ajuda a dar a imersão misturada com cores neutras a começar pelo uniforme da protagonista, ironia ou não, talvez no trabalho seja onde ela se sinta mais à vontade. Outro detalhe interessante são as músicas, todas agitadas, contrastando totalmente com o resto das cenas que têm o silêncio irrompido apenas pelo som ambiente. 
   As letras das mesmas também acompanham a vida de Iris, indo de projeção em um futuro utópico às decepções e amarguras da vida, de seu presente. A Garota da Fábrica de Fósforos é mais que um filme triste,  é uma trama que numa época de grande movimento popular na política mundial, consegue fazer deste, o segundo plano para uma crua história de uma pessoa qualquer, tendo que viver sua vida da melhor maneira possível.