Definição de História no Oxford Languages:

“Ciência que estuda eventos passados com referência a um povo, país, período ou indivíduo específico”.

O livro “O Primeiro Golpe do Brasil – como D. Pedro I fechou a constituinte prolongou o escravismo e agravou a desigualdade entre nós”, autoria do conceituado jornalista Ricardo Lessa, vai bem ao encontro da definição, em um brilhante estudo dos anos que antecederam o ‘sete de setembro’, passando pela primeira constituição brasileira (1824), com o famigerado Poder Moderador que outorgou poderes absolutos nas mãos dos dois monarcas brasileiros, portanto até a proclamação da república, em 1889. O autor fez referências sólidas ao povo brasileiro, principalmente aos escravizados, ao país e o indivíduo mais citado, o próprio Pedro de Alcântara, com seus quase vinte sobrenomes depois do Pedro e muitos filhos, além dos oito legítimos, com a primeira esposa, Maria Leopoldina.

A obra é fruto de uma pesquisa bem elaborada, com cerca de noventa diferentes autores brasileiros e internacionais, além de outras diversas fontes consultadas, o que reforça a pesquisa excelentemente fundamentada.

O próprio título já é capaz de instigar o leitor a se aprofundar no tema referente ao golpe, o primeiro do país, cujo eufemismo foi a independência muito mal contada pelas elites dominantes, principalmente os defensores do absolutismo, cuja derrocada já estava em curso desde o início da corrente iluminista. O lado triste é saber que o Brasil foi o único país das Américas a ser governado por uma monarquia e praticamente o último a abolir o trabalho de escravizados. O lado mais confortante, se assim podemos definir é que boa parte das notícias mentirosas, foram devidamente contestadas por autores e autoras dotados de seriedade, austeridade e propriedade e que Lessa registrou com seu incrível talento de jornalismo investigativo. Entre fatos comprovados pelo autor estão:

As muitas amantes do primeiro Pedro, e a inauguração do endividamento do Brasil, junto aos ingleses.

Dentre as dez fakes registradas pelo autor, destacamos duas para reflexão das leitoras e leitores:

“Independência ou Morte – um grito que nunca aconteceu. Pedro estava com um desarranjo intestinal, como registraram os presentes naquele momento. A frase é inspirada e adaptada no Grito de Dolores, no México, em 1810.

7 de setembro – A data passou a ser inflada depois do reinado de Pedro II, como homenagem ao pai. Foi exaltada pelos militares na ditadura”.

Livro importante e que pode e deve ser recomendado para aulas de história a partir dos últimos anos do ensino fundamental, ensino médio e até em cursos superiores.