Walter Hugo Khouri - Quando Schopenhauer Foi Ao Cinema
O paulistano Walter Hugo Khouri (1929-2003), foi, sem dúvida, um dos cineastas brasileiros, ao longo da segunda metade do século XX.
- Categoria: Cinema
- Publicação: 01/09/2025 18:04
- Autor: Ricardo Corsetti

De seu primeiro longa-metragem (ainda nos tempos da lendária Vera Cruz) "Estranho Encontro" (1958) até seu último trabalho "Paixão Proibida" (1998), desenvolveu um estilo bastante peculiar e praticamente não encontrado em qualquer outro cineasta brasileiro, nem mesmo, após mais de duas décadas após seu falecimento em 2003.
Khouri foi estudante de Filosofia na USP (Universidade de São Paulo). Até onde sei, parece não ter concluído o curso de graduação. Porém, é inegável a profunda e bastante direta influência que, sobretudo, a filosofia do alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) exerceu em seu cinema (filmografia).
A visão de mundo sob o viés existencialista, é claramente notável no cinema de Walter Hugo, em filmes belíssimos como, por exemplo, "Noite Vazia" (1964), com todo o seu "pessimismo elegante" a respeito da vida pequeno-burguesa, na São Paulo do início dos anos 60; assim como também no antológico "As Amorosas" (1968), meu filme preferido de Khouri, aliás; onde vemos um amargurado estudante de filosofia, vivido por Paulo José, desiludido e irônico em relação ao engajamento político de seus colegas de faculdade, que tanto caracterizou a juventude do final dos anos 60.
Em termos de referências cinematográficas propriamente ditas, dois grandes mestres da sétima arte, são óbvias referências para a obra de Khouri: Ingmar Bergman (1918-2007) e, sobretudo, Michelangelo Antonioni (1912-2007).
A propósito: por falar em meu filme preferido de Khouri, "As Amorosas" (1968), além do clima de pessimismo e tédio pequeno-burguês (bastante característicos do cinema de Antonioni), há também, duas cenas em particular, uma delas, referente ao desfecho da trama, inclusive, que lembram muitíssimo "Blow Up" - Depois Daquele Beijo" (1966) de Antonioni.
Outra marca registrada do cinema praticado por Khouri, é a frequente presença de belíssimas musas (atrizes). Aliás, praticamente todas as mais belas atrizes da história do cinema brasileiro, ao longo das décadas de 60, 70 e 80, marcaram presença e estrelaram os principais filmes do diretor: Lilian Lemmertz, Kate Hansen, Dina Sfat, Kate Lyra, Sandra Bréa, Jacqueline Myrna, Norma Bengell, Odete Lara, Rossana Ghessa, Nicole Puzzi, Selma Egrei, Cristiane Torloni, Bia Seidl, Monique Evans, Monique Lafond, Vera Fisher, Ana Paula Arosio, etc.
Eu, particularmente, no que se refere ao quesito "musas supremas", destacaria na filmografia de Walter Hugo: "Noite Vazia" (1964 - com Norma Bengell e Odete Lara), "Palácio dos Anjos" (1970 - com Rossana Ghessa), "Eros - O Deus do Amor" (1981- com Kate Hansen, Kate Lyra, Dina Sfat e Selma Egrei) e "Eu" (1986- com Nicole Puzzi, Monique Lafond, Bia Seidl, Cristiane Torloni e Monique Evans).
Filosofia Existencialista (Schopenhauer) + belíssimas musas + apurado senso estético e direção competente, amparada por um ótimo trabalho de câmera, caracterizado pelo recorrente uso do "zoom in/zoom out, tipicamente sessentista; eis as marcas fundamentais do cinema empreendido pelo grande e saudoso Walter Hugo Khouri.
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