A SAGA DO HERÓI: BUFORD PUSSER NO CINEMA.
Faleceu há poucos dias, o ator Joe Don Baker, (1936-2025), que a despeito de ser mais conhecido pela participação na franquia 007 e no suspense Cabo do Medo (1991), será sempre lembrado pelos amantes do cinema por suas atuações clássicas, principalmente pelo título Fibra de Valente.
- Categoria: Cinema
- Publicação: 19/05/2025 00:52
- Autor: Marcus Hemerly

Inúmeras
são as obras no cinema e literatura que amoldam a figura do herói. Super
poderes, apetrechos e invenções são comumente as armas e escudo de tão
impressionantes figuras. Todavia, não raro, a história ou “vida real”
utilizando uma definição mais popular, transcende a própria ficção em termos de
emoção e surpresa. Numa das inúmeras incursões em sebos e bancas de jornal,
deparei-me – e aqui peço escusas ao leitor pelo uso da primeira pessoa – com um
título que há muito procurava. Um policial old fashioned, retratando não apenas
mais uma história pautada em cidades pequenas envolvendo seu drama social, mas
o que existe no plano subjacente. Em “Um Herói de Verdade”, (A Real American
Hero, 1978), inicialmente se verifica um roteiro sem grandes pretensões, em uma
repetição do que se estava acostumado para aquele subgênero, principalmente nas
décadas de 60 e 70. Ressalte-se que a diferença repousa na lição de vida e
mensagem por trás do acontecimento narrado.
Decerto,
muitos não conhecem a história real de Buford Pusser, xerife no Tennessee e sua
cruzada de um homem contra os vícios e o crime organizado, diante do reflexo
delituoso sobre os cidadãos de sua cidade. Traçando e vivendo uma proposta de
“limpar” o crime que permeava de modo endêmico sua comunidade, sofreu inúmeros
atentados à sua vida, um deles, resultando na morte de sua esposa, Pauline
Pusser, sendo um baluarte aos princípios éticos do cidadão comum. Nesse plano,
indaga-se: o que seria o herói?
Roberto
Gomez Bolanos, intérprete e criador do famoso Chapolin Colorado, certa vez em
uma entrevista, quando perguntado acerca de Superman e Batman, entre outros,
disse: “Não são heróis. Herói é o Chapolin Colorado. Ser herói, não é não ter
medo, mas superá-lo. Às vezes, perder, outra característica dos heróis, suas
ideias eventualmente triunfam; quantos fuzilados conhecemos!”.
Certamente, uma assertiva que nos faz repensar a ideia do herói real e aquela
concebida num tom fantasioso. Não que identifique um defeito; um pouco de
fantasia e elucubrações etéreas são necessárias e válidas, mas interessante
atentar a todos os desdobramentos da palavra e suas manifestações.
São
provocações despertadas quando me deparei com o título “Um herói de verdade”,
no qual Pusser é magistralmente interpretado por Brian Dennehy, falecido
em 2020, típico cara durão ao estilo Clint Eastwood. Tão fascinante é a
história real, suplantando inclusive a ficção, que uma série de filmes baseados
nas aventuras e feitos do xerife foi produzida enquanto ele ainda vivia e nos
anos posteriores à sua morte (até hoje misteriosa); a melhor delas, “Fibra de
Valente” (Walking Tall, 1973), na qual o xerife é vivido por Joe Don Baker, (de
Cabo do Medo, 1990), falecida recentemente.
No
início dos anos 2000, foi produzida uma esquecível releitura da saga de Pusser,
protagonizada por Dwayne Johnson, (Com As Próprias Mãos), relembrando a noção
de que as concepções ou preconcepções de uma comunidade podem ser reinventadas
pela disposição de apenas um de seus integrantes, como forma de inspiração para
quem tem olhos para ver e coragem para agir. Deixo voluntariamente de traçar
maiores ponderações ou inserir informações sobre o caso real, como forma de
instigar uma leitura mais aprofundada ao leitor, que, certamente, não se
decepcionará ao pesquisar mais fatos sobre o xerife dos tempos moderno e suas
aventuras. Numa tarde chuvosa de fim de
semana, filmes como Fibra de Valente e Um Herói de Verdade, além de bom
entretenimento, despertam reflexões em torno da ética, espírito de grupo e
atitude. Após assisti-los, pergunte-se ou confronte sua própria ideia acerca do
conceito de heroísmo.
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