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Análise de Iracema - Uma Transamazônica

*Pré- estréia de Iracema - Uma Transamazônica em cópia restaurada
  • Categoria: Critica de Filmes
  • Publicação: 24/07/2025 14:27
  • Autor: Ricardo Corsetti
Na última segunda-feira (21/07), tive o prazer de ver, pela primeira vez numa tela de cinema, o clássico filme "Iracema - Uma Transamazônica" de Jorge Bodanzky em cópia restaurada em 4K, no Espaço Petrobrás de Cinema, aqui em São Paulo.

O filme em questão, é um autêntico marco na história do cinema brasileiro, tendo como pano de fundo, a construção (jamais verdadeiramente concluída, aliás) da Estrada Transamazônica, obviamente situada no estado do Amazonas; um autêntico "carro-chefe" do programa nacional-desenvolvimentista, implementado pelo regime militar na década de 1970.

O filme acompanha, na verdade, a trajetória do fictício caminhoneiro vivido pelo grande e saudoso ator Paulo César Pereio, em território amazônico, durante a qual, acaba encontrando no decorrer de sua jornada, a jovem índia Iracema que, ao abandonar suas origens em busca de "uma vida melhor", acaba por se tornar prostituta, às margens da construção da referida estrada.

"Iracema" é um grande marco naquela que poderíamos chamar de segunda fase do Cinema Novo brasileiro, pois combina de forma brilhante e original, linguagem documental e ficcional, em igual medida. Sendo que, boa parte dos diálogos estabelecidos entre o caminhoneiro vivido por Pereio, com moradores e trabalhadores reais daquela região, naquele momento, conforme ouvi do próprio Jorge Bodanzky (diretor e roteirista), quando fui seu aluno, num curso sobre cinema documental, realizado em 2014, são fruto de puro improviso, genialmente empreendido por Pereio.

Após a exibição do filme, foi realizado um breve debate com a presença de Jorge Bodanzky (diretor e roteirista) e também de Rita de Cassia, sim, a eterna protagonista de "Iracema", onde diversas histórias e detalhes de produção acerca deste clássico absoluto do cinema brasileiro, foram relembrados.

E exatamente hoje, nessa quinta-feira (24/07), a excelente cópia restaurada em 4K, sob a supervisão da Cinemateca Brasileira, estréia nos cinemas brasileiros. Portanto, não deixe de ver (ou rever) esse grande filme, retrato de um Brasil ufanista e com planos mirabolantes (jamais realizados de fato) de desenvolvimento a qualquer custo que, sem a menor dúvida, continua mais vivo do que nunca.